Tomada de Decisões na era da Agilidade

A transformação digital deveria tornar o processo de tomada de decisão muito mais técnico e analítico graças à facilidade de coletar grandes volumes de dados, aplicar análises sofisticadas, simular cenários e até mesmo utilizar máquinas como apoiadoras cognitivas. Apesar da evolução, a situação parece um tanto quanto paradoxal: o que vemos é que tanta informação gera dificuldade para separar o útil do ruído, causando a já conhecida “paralisia por análise” (paralysis by analysis).

Passamos a conviver com esta disponibilidade de ferramentas e sistemas para coletar, tratar e analisar dados. Essas capacidades deveriam tornar mais fácil descrever os efeitos, diagnosticar as causas, predizer possíveis efeitos das nossas decisões e prescrever novas alternativas de ações. Mas frente à facilidade que temos em obter novas informações, acabamos por postergar a decisão final à espera de mais dados, ficando paralisados.

Ao mesmo tempo, temos que lidar com uma profunda mudança no paradigma da decisão estratégica. Aprendemos, tanto de fontes acadêmicas como da experiência de executivos e empreendedores, que o planejamento é uma etapa fundamental para que uma decisão nos leve ao alcance de objetivos, constituindo-se na própria definição de estratégia.

O problema é que agora as condições estão alterando-se tão rapidamente, que analisar e planejar deixaram de ser atividades estáticas e passaram a ser dinâmicas. Testar hipóteses rapidamente, experimentar protótipos, ajustar e adaptar o produto/serviço para a implementação final, passaram a ser as regras tanto para a inovação incremental como para a inovação radical dentro das empresas. Com isso, o executivo não precisa somente “tomar uma decisão”, mas também testar várias decisões e comparar seus resultados.

O paradoxo gerado por essas duas situações é de que nem as novas tecnologias, nem as novas metodologias darão conta de substituir competências humanas.  Os executivos precisam aguçar suas capacidades fundamentais de análise, reflexão e tomada de decisão, para que ocorram em ciclos cada vez mais curtos, mantendo a criatividade e a prudência como pilares centrais.

Encontro executivos em nossos programas que vêm atrás de respostas rápidas e receitas prontas. Quando eles conhecem nossa metodologia de Estudo de Caso, acabam por aperfeiçoar sua própria capacidade de análise e tomada de decisões. Falamos de conceitos, metodologias e ferramentas, mas o que mais desejamos é ajudar os executivos a desenvolver uma visão crítica pessoal, que os auxilie a enfrentar este contexto de transformação digital.

About
Ricardo Engelbert
Diretor dos Departamentos de Empreendedorismo, Operações, Tecnologia e Informação e Professor de Inovação e Direção Geral Lecturer do IESE. AMP – Advanced Management Program ISE-IESE Business School. Doutorado em Administração Universidade Positivo MBA em Gestão Executiva | FGV Graduação Engenharia Elétrica Universidade Tecnológica Federal do Paraná Carreira Executiva como Diretor de Unidade de Negócios Internet da GVT, Diretor de Serviços Internet, Diretor de Produtos e Novas Mídias. ricardo.engelbert@ise.org.br

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