Modismos e metodologias de Inovação: como diferenciar

Metodologias para a geração de inovações vêm proliferando em livros, palestras, workshops e consultorias.

 

Facilmente ficamos seduzidos por novidades que prometem ampliar a nossa capacidade de implementar novas ideias que gerem valor adicional para o negócio, o que é minha definição preferida para o conceito de “Inovação”.

Basta você pedir para um colega descrever as metodologias e ferramentas que estão utilizando na empresa dele, nos processos de inovação e você terá uma lista de anglicismos que nomeiam as metodologias da moda. Exagerando, você pode ouvir algo como: “Nossos squads trabalham em sprints mapeando a customer journey e aplicando o design thinking para descobrir os jobs to be done, para então construirmos um MVP que possa ser testado pelo cliente. Tudo bastante lean, agile e atendendo alguns OKRs”. Experimente. Escuto algo parecido com isso o tempo todo.

Muitas dessas “novas” metodologias são, na verdade, releituras e adaptações de conceitos que podem ter suas origens rastreadas em meados do século passado. A base de conhecimento em que se baseiam está ligada à teoria da aprendizagem, às técnicas de solução de problemas, aos métodos produtivos utilizados no movimento da qualidade total e nas ferramentas de gestão das décadas de 50 a 80. Essa variedade de releituras gera, nos profissionais ávidos por ferramentas que possam ajudar a alcançar seus resultados, uma grande dúvida sobre sua aplicação nos processos de inovação. Quais delas são ideais para aplicarmos em nossos times? Em quais devemos nos aprofundar, considerando o perfil da nossa organização? Onde invisto meu tempo e recursos?

Para que as principais metodologias façam sentido e possamos criar uma certa ordem e encadeamento, gosto de utilizar um modelo em camadas, que resolvi chamar de “cebola de metodologias”. Esse desenho concêntrico me ajuda a concatenar as principais metodologias relacionadas com inovação. Me explico no desenho.

Começo pela segunda camada, que é a principal, no meu ponto de vista. Nela posiciono o lean thinking (pensamento enxuto), que tem como seu primeiro princípio (dos 5 que compõem a metodologia) a seguinte proposição: “identifique o que é valor para o seu cliente”. Para fazer isso, nada melhor do que aplicar o design thinking (pensamento de design), que coloca o cliente no centro (customer centricity), formando as camadas mais internas desse meu esquema em camadas.

 

Quando juntamos os demais princípios do pensamento enxuto, que envolvem: “manter o cliente próximo do processo, testar hipóteses, melhorar incrementalmente e eliminar desperdícios”, percebemos que essas são as características de uma implementação iterativa e interativa, identificada atualmente como agile (e para a qual “métodos ágeis” me parece uma tradução ruim, que mais confunde do que explica a ideia que está por trás do conceito).

Com isso, chego no desenho da cebola com quatro camadas, que me ajuda a explicar a relação entre todas essas metodologias. Sem uma camada interna consistente não é possível ter uma camada externa de qualidade.

Para ter uma inovação de sucesso, implementada de forma agile, é preciso exercitar o lean thinking. Para isso, é preciso considerar o cliente no centro dos seus esforços e aplicar o design thinking para conhecer seu valor verdadeiro.

Espero que esse modelo (bem simples) ajude a entender as metodologias, assim como me ajudou ao considerá-lo. Quer começar a aprofundar-se no tema? Comece pelo Lean Thinking, e as demais camadas vão se compor quase naturalmente.

About
Ricardo Engelbert
Diretor dos Departamentos de Empreendedorismo, Operações, Tecnologia e Informação e Professor de Inovação e Direção Geral Lecturer do IESE. AMP – Advanced Management Program ISE-IESE Business School. Doutorado em Administração Universidade Positivo MBA em Gestão Executiva | FGV Graduação Engenharia Elétrica Universidade Tecnológica Federal do Paraná Carreira Executiva como Diretor de Unidade de Negócios Internet da GVT, Diretor de Serviços Internet, Diretor de Produtos e Novas Mídias. ricardo.engelbert@ise.org.br
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