O que fazer no curto, médio e longo prazos para que sua empresa navegue bem nesta crise?

Colaboradores

O primeiro a fazer é cuidar de seus colaboradores, sem qualquer dúvida, de forma a não colocar em risco sua saúde física, emocional e financeira, mesmo neste momento de grandes dificuldades e incertezas.  Devemos ainda, aproveitar todas as medidas que o governo já anunciou para facilitar o pagamento dos salários e, na medida do possível, não demitir ninguém.

Colaboradores treinados e leais, com a experiência que já têm, valem muito e vão ser necessários quando começarmos a retomada, que certamente virá.

Clientes

Faça uma análise rigorosa, a partir de uma lista detalhada, para definir quais são os estratégicos, quem lhe ajudou no passado, quem tem sido um verdadeiro parceiro Quem sabe sua situação de caixa permita ajudá-los ao dar-lhes algum folego? Sem eles você também não terá futuro. Talvez alguns até possam te ajudar agora, a solidariedade pode estar do outro lado.

Caixa

Verifique cada linha do demonstrativo de resultados DRE e do balanço, você talvez se surpreenda com as possibilidades. Muito importante também, antes de entrar em detalhes do DRE e balanço, é fazer previsões do fluxo de caixa futuro até o fim do ano, com três cenários: o provável, o otimista e o pessimista.

Trabalhe com seu time executivo e/ou com seu Conselho de Administração na montagem dos cenários e faça uma revisão semanal. Não seja surpreendido e prepare-se desde já contando com possíveis fontes de financiamento, bancos, aporte de sócios, aporte de novos sócios etc., caso seja necessário.

 

Próximo Passo

O próximo passo é se fazer algumas perguntas importantes sobre o DRE:

Vendas: como faço para reduzir as quedas? Posso, neste momento, aumentar meu portfólio de produtos, entrar em novos mercados ou mudar meu modelo de entrega para continuar atendendo alguns clientes? Explore novas possibilidades.

Custos e despesas: só fazer o que for urgente e importante, cortar tudo o que é discricionário, associar cada despesa de marketing a retornos de curto prazo, manutenção só as corretivas, rever benefícios e renegociar contratos. Nesta crise não existe o conceito de custo fixo, tudo passa a ser variável.

Pagamentos de impostos e taxas: alguns podem ser adiados. O governo tem aberto várias brechas legais neste sentido, possibilitando a prorrogação dos vencimentos. Mantenha-se informado com seu suporte jurídico, um aliado estratégico neste cenário.

Dividendos, juros sobre capital próprio e pagamento de aluguéis aos acionistas: tudo deve ser analisado com muito rigor. A sobrevivência da empresa é que conta neste momento, e é ela quem vai sustentar os acionistas no futuro.

O passo seguinte compreende a análise do Balanço:

Caixa, use com muitíssima moderação. Para os que têm folga de caixa é recomendado usá-la estrategicamente com os Clientes, ou quem sabe uma aquisição ou parceria, já que este pode ser o momento de prospectar algum bom negócio.

Contas a receber, negocie descontos para encurtar o prazo e contas a pagar, negocie aumento de prazos, mesmo que resulte em algum custo financeiro. Calcule o custo de oportunidade de cada situação.

Estoques de matéria-prima, só compre o absolutamente necessário. Cheque com seus fornecedores a disponibilidade e o prazo de itens críticos. Em relação a Produtos acabados, pergunte-se as mesmas coisas em relação a Vendas.

Dívidas, renegocie e alongue. Tenha ciência de que você é importante para os bancos credores.

Finalmente, pode ser necessário reavaliar o seu Modelo de Negócio, fazendo alguns ajustes ou mudanças estruturais. Analise cuidadosamente o que acontecerá depois desta crise: novas tendências, hábitos de consumos, novo ambiente regulatório, uso de novas tecnologias etc.

Pensar estrategicamente no curto, médio e longo prazos já era fundamental para gerir nossos negócios. Em um cenário de crise, então, não há outra opção.

About
Fernando Bagnoli
Diretor e Professor do Departamento de Direção Geral Lecturer | IESE Business School Pós-Graduação e Especialização pelo IESE Business School / Kellogg Graduate School of Management / Wharton Business School / University of Michigan´s Ross School of Business Mestre em Engenharia Escola Politécnica da USP Engenheiro Escola Politécnica da USP Carreira executiva como Presidente da Quest International para a Ásia Pacífico e América Latina, Presidente da Steelcase do Brasil e Presidente da Umbro International para a América Latina. É membro independente de Conselhos de Administração fbagnoli@ise.org.br

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