Um dos papéis mais importantes do líder: desenvolver novos líderes

A dieta intelectual é um dos caminhos

Conhecer a si mesmo é um dos maiores desafios de qualquer pessoa. E se esta pessoa é uma liderança executiva, o conjunto de obstáculos a ser transposto parece ser ainda mais árduo. Para desenvolver o autoconhecimento e, a partir dos aprendizados, ser uma liderança capaz de inspirar e desenvolver colaboradores e pares é preciso refletir com humildade e generosidade e, mais do que isso, estudar.

O estudo pode se apoiar em uma boa dieta intelectual para ampliar nossas perspectivas profissionais e de mundo e permite um olhar genuíno para o contexto, além da revisão constante da nossa forma de atuar, quando nos leva  muito além da do dia a dia da liderança corporativa.

Sem dúvida, há muitas formas de liderar e formar líderes. Uma delas, que desenvolve e aprimora virtudes necessárias passa, de forma surpreendente, pela literatura. Bons livros, artes e música, além de conversas com mentores, são meios que nos ajudam estrategicamente na tarefa de autogoverno e no desenvolvimento de novas lideranças.

A leitura de clássicos como Tolstoi, Dostoiévski, Sheakespeare ou Cervantes traz importantes reflexões que podem ter grande influência para que executivos e executivas tenham um olhar mais sensível e humano na hora das suas decisões, compromissos e atitudes, e com isso, possam se tornar melhores gestores e tomadores de decisões. Isto acontece porque com a literatura dos clássicos incorporamos experiências, modos de ser, de agir, de decidir de inúmeras personagens que, precisamente por serem clássicos, passaram pelo filtro da eficácia de performance, tão falada nas corporações. Estes clássicos têm o que verdadeiramente importa hoje para as organizações: são peritos em Humanidades.

A linha humanística sugerida complementa as experiências do nosso dia a dia e possibilita o contato com a própria emoção ao compreender os dilemas dos protagonistas das narrativas literárias A formação por meio da alta literatura proporciona ao leitor compreender profundamente o problema humano e promover uma reflexão e discussão para reconhecer quais são os verdadeiros problemas. “Se eu fosse ele/ela, o que eu faria.”

A literatura encoraja as pessoas a refletir, prever consequências para suas ações e a ter uma abordagem integrada o que resulta na melhora do raciocínio moral e por consequência em melhores decisões.

Além de aumentar o repertório cultural dos líderes, a leitura de clássicos proporciona reflexões para a vida pessoal e profissional “além da razão”, pois passa pelo “sentir” e, dessa forma, o aprendizado é mais facilmente incorporado, além de muito prazeroso.

Ler as obras clássicas possibilita uma percepção do desenvolvimento pessoal muito mais abrangente do que um livro de autoajuda. A experiência vivida nos módulos de Ética e Literatura dos programas do ISE, nos mostram que, da estranheza do gênero do livro, os executivos passam pela curiosidade e se rendem à surpresa. À medida em que líderes e liderados começam a enxergar e criar valor nas relações por meio destes aprendizados, vemos equipes ambidestras prosperarem, ao invés de apenas sobreviverem ao ambiente de volatilidade em que estão inseridas.

Não tenho dúvidas de que uma boa dieta intelectual contribui diretamente na formação de líderes prudentes e ousados que podem estabelecer grandes vantagens no desempenho organizacional como: insights valiosos, comprometimento e excelência na execução.

 

Abaixo, compartilho algumas sugestões para aqueles, que querem continuar a aprender e iniciar a sua dieta intelectual de bons livros:

Clássicos da literatura para colocar na mesa de cabeceira

  • A Morte de Ivan Ilitch, Liev Tolstói, aborda ideias como propósito de vida e equilíbrio entre esferas pessoal e profissional
  • Hamlet, William Shakespeare, fala sobre tomada de decisões e como equilibrar o impulso e a razão
  • Rei Lear, William Shakespeare, reflete sobre sucessão e as virtudes a se buscar em um sucessor que agregue em vez de bajular
  • Macbeth, William Shakespeare, trata dos limites da ambição em um mundo competitivo
  • O Conto da Ilha Desconhecida, José Saramago, convida a pensar em sonhos, propósitos e metas em meio ao inesperado
  • Odisseia, Homero, é como fazer um curso aprofundado de como se tornar um líder.
About
Erica Rolim
Diretora dos Programas Abertos de Educação Executiva Professora do Departamento de Direção Comercial Doctor of Business Administration | Grenoble Ecóle de Management AMP – Advanced Management Program | IESE Business School (campus SP, sede do ISE Business School) PMD – Program for Management Development | IESE Business School (campus SP, sede do ISE Business School) Mestrado – Administração de Empresa | PUC/SP Bacharelado em Estatística | UNICAMP
Comments
  • Alexandre Cricci
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    Olá Érica, muito bacana sua abordagem! Parabéns pelo artigo! Aliás a Neurociência vem mostrando o grande peso que as emoções exercem no processo decisório de todos nós. Aqueles que se conhecem com maior profundidade acabam entendendo melhor a si mesmos e com isso tomam melhores decisões e aprimoram seus soft skills tão importante em um mundo diverso e complexo.

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