O que mudou no gestor do século XXI?

A virada do século trouxe muitas novas exigências para os gestores do século XXI. Principalmente para aqueles que já eram gestores de sucesso no século XX, e que passaram a enfrentar novos desafios com os quais têm muita dificuldade de lidar.

O mundo se tornou mais global, mais ágil. E as pessoas também mudaram. Os jovens deste século tem melhor educação que os do século passado, associada a uma grande facilidade de comunicação e obtenção de informação proporcionada pelas novas tecnologias, gerando comportamentos diferentes.

Hoje já não estão tão interessados em longas carreiras numa empresa. Estes jovens querem crescer rapidamente – “não quero ser como meu pai que trabalhou longas horas para ser alguém na vida”. Eles têm muitas novas ideias e querem aplicá-las.

Do outro lado, a estrutura das empresas continua a mesma das estruturas vigentes no século XX. Nós, brasileiros, temos “uma queda” pelas estruturas hierárquicas, piramidais, onde o principal foco estava em deixar claro a linha de comando.

Essa predileção pela hierarquia tem um motivo. Para as empresas, ainda da década de 50, adotando um modelo taylorista de trabalho, bastava dividir a tarefa em partes manejáveis por cada indivíduo, treinar e controlar para que a tarefa será realizada com sucesso. Com isso o trabalho pode ser totalmente especificado, detalhado e controlado.

Com o crescimento das oportunidades de negócio que surgiram após a década de 50, as empresas cresceram nesse controle do trabalho. Não havia preocupação sobre accountability e ownership pois: se tenho tudo bem controlado, garanto o resultado.

Logo depois, principalmente em grandes corporações, surge na década de 60 o planejamento estratégico. Um controle top-down para garantir a melhor alocação dos recursos disponíveis.

Acontece que no final de 80, com a globalização, o trabalho se expande ao ponto de não poder ser mais controlado pelo planejamento estratégico na alta direção, nem pelo controle das tarefas no dia-a-dia. É preciso buscar então uma nova forma de gerir os recursos, mas sem uma certeza de como isso possa ser feito. Novas estratégias e modelos de negócios são experimentados.

Acontece que, os modelos de negócio e as estratégias organizacionais podem ser mudadas, mas ainda não foi alterado o mindset dos gestores. Queremos ainda administrar empresas do século XXI com mentalidade do século XX.

Portanto, Accountability é a melhor resposta da empresa à necessidade de mais autonomia por parte dos funcionários e de uma maior dinamicidade por parte das organizações.

É resultado de decisões de governança e gestão que dão condições de trabalho que permitem aos colaboradores se sentirem mais responsáveis e comprometidos por suas ações e seus resultados.

About
Carlos Racca
Diretor e Professor do Departamento de Direção de Operações e Professor de Empresa-Família Senior Lecturer | IESE Business School Programas de Aperfeiçoamento em Direção de Empresas IESE Business School e IAE Graduação em Engenharia Elétrica Escola Politécnica da USP Carreira executiva como Diretor Geral | Reliance no Brasil Também atua como Diretor Acadêmico de Custom Programs do ISE Business School carlosracca@ise.org.br