Agenda de Inteligência Artificial para CEOs em 2024

Qual o impacto dos enormes avanços recentes na área da inteligência artificial (IA) sobre o mundo dos negócios? Como executivos de alto nível e grande poder dentro de suas organizações estão lidando com estes avanços e possibilidades?

Dois estudos publicados no final de 2023 buscaram analisar os impactos desta nova tecnologia na agenda de prioridades de CEOs, conselheiros e executivos C-Level. O primeiro estudo foi conduzido pelo IBM Institute for Business Value em cooperação com Oxford Economics. Foram entrevistados três mil CEOs de mais de trinta países e 24 indústrias distintas. O segundo estudo foi realizado pela Amcham Brasil e Humanizadas, ouvindo 694 empresas brasileiras de pequeno, médio e grande porte – CEOs, VP, diretores, sócios e conselheiros representam 53% da amostra dessa pesquisa.

A conclusão comum das duas pesquisas é de que, já em 2024, a IA tem um grande potencial de gerar disrupção nas empresas e negócios dos pesquisados. Comento a seguir alguns pontos que me chamaram atenção nas duas pesquisas.

Na pesquisa global, 84% dos CEOs afirmaram que já tem casos de uso em desenvolvimento, testes e uso para a aplicação de IA generativa e 43% dos CEOs admitiram que suas empresas já estão utilizando essa tecnologia para apoio na tomada de decisões estratégicas, 36% em decisões operacionais e 50% a estão agregando aos seus produtos e serviços.

Já na pesquisa nacional, 68% das empresas pesquisadas já estão utilizando IA, que foi apontada por 60% dos respondentes como a tendência com maior potencial de gerar maior disrupção e impactar a agenda de inovação das empresas em 2024.

Entre os principais casos de usos estão: a automatização de processos repetitivos (38%), a melhoria da eficiência operacional (28%) e a análise de dados para obter insights preditivos (28%).

Interessante notar que, globalmente, a pressão para acelerar a adoção da IA cresce entre conselheiros (66%), e investidores (64%), enquanto a pressão para irmos mais devagar vem dos empregados e trabalhadores dessas empresas (28%). De um lado temos a expectativa pelo incremento de eficiência e produtividade, enquanto do outro o receio pela disrupção e obsolescência do trabalho.

Aqui no ISE Business School trabalhamos sempre com a perspectiva da direção geral e com os novos dilemas de um mundo que está mudando muito rapidamente, ao mesmo tempo em que mantém aspectos perenes e imutáveis da natureza humana. Em seu relatório de pesquisa a IBM chama a atenção para o fato de que as decisões que chegam até as mesas dos CEOs são aquelas que envolvem altos graus de incerteza e impactos. Se a decisão fosse simples, outra pessoa já a teria tomado. À medida que o mundo fica mais complexo, também a natureza das decisões do CEO torna-se mais complexa.

As experiências acumuladas, e o instinto, ajudam na tomada de decisões, mas o domínio das novas ferramentas para análise e extrapolação de cenários podem e devem ser utilizadas na tomada de decisões.

Quando perguntados sobre as fontes de informação para a tomada de decisões, os CEOs ordenaram, as cinco primeiras, da seguinte forma: dados operacionais (76%), dados financeiros (75%), fontes internas (63%), experiência pessoal (54%) e conteúdo sobre liderança (50%).

Se uma IA pode auxiliar nesse processo de análise, simulação, experimentação e teste, por que não a dominar e adotá-la?

Dois em cada três dos CEOs globais entrevistados estão agindo sem uma visão clara de como ajudar sua força de trabalho com esse processo de disrupção e as inevitáveis transformações que a IA trará. Mais da metade (56%) confessaram que estão atrasando investimentos devido à falta de padrões consistentes.

Não se trata de adquirir e implementar uma nova tecnologia. A IA, como toda tecnologia de propósito geral – assim como já aconteceu com o vapor, a energia elétrica e a tecnologia da informação – tem o potencial de alterar drasticamente a forma como trabalhamos e tomamos decisões. Provavelmente a estratégia, a cultura, o modelo de negócio ou as operações terão que ser revistas em função da adoção dessa nova ferramenta. Sua utilização também gera efeitos não desejados para as organizações e executivos, tais como questões de equidade, transparência, responsabilidade e aspectos éticos da tomada de decisão apoiada por IA.

Assim como as inovações disruptivas começam por oferecer produtos e serviços inovadores mais simples e gradativamente vão avançando sobre outros segmentos e mercados, a IA está iniciando por processos e atividades de baixo valor, mas com grande potencial de crescimento exponencial. O ano de 2024 deve representar um grande ponto de inflexão para essa transformação.  

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About
Ricardo Engelbert
Diretor dos Departamentos de Empreendedorismo, Operações, Tecnologia e Informação e Professor de Inovação e Direção Geral Lecturer do IESE. AMP – Advanced Management Program ISE-IESE Business School. Doutorado em Administração Universidade Positivo MBA em Gestão Executiva | FGV Graduação Engenharia Elétrica Universidade Tecnológica Federal do Paraná Carreira Executiva como Diretor de Unidade de Negócios Internet da GVT, Diretor de Serviços Internet, Diretor de Produtos e Novas Mídias. ricardo.engelbert@ise.org.br

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